sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A Verdade que está na Bíblia

A Verdade que está nas Sagradas Escrituras

“Pilatos entrou no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus? Jesus respondeu: Dizes isso por ti mesmo, ou foram outros que to disseram de mim? Disse Pilatos: Acaso sou eu judeu? A tua nação e os sumos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste? Respondeu Jesus: O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo. Perguntou-lhe então Pilatos: És, portanto, rei? Respondeu Jesus: ‘Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz’. Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade?...” (João 18,33-38a).

Pilatos não ficou com Jesus para ouvir a resposta de sua indagação: “Que é a Verdade?”. Talvez Jesus dissesse como disse aos seus discípulos: “Eu sou a Verdade”. Mas para Jesus Cristo ser a Verdade esta se expressa no seu modo de ser.

Jesus Cristo vive a Verdade de três modos:

a) Ele vive a vida divina e seu relacionamento com o Pai vivendo a vida humana;

b) Ele não se faz carente de absolutamente nada nesta terra. De nenhuma pessoa, nem mesmo de Sua Mãe santíssima, de nenhuma glória, de nenhuma fama, de nenhum bem material, de absolutamente nada. Mesmo de seus milagres, Ele pede aos miraculados que não falem a ninguém a respeito do milagre. “Aproximou-se dele um leproso, suplicando-lhe de joelhos: Se queres, podes limpar-me. Jesus compadeceu-se dele, estendeu a mão, tocou-o e lhe disse: Eu quero, sê curado. E imediatamente desapareceu dele a lepra e foi purificado. Jesus o despediu imediatamente com esta severa admoestação: Vê que não o digas a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e apresenta, pela tua purificação, a oferenda prescrita por Moisés para lhe servir de testemunho. Este homem, porém, logo que se foi, começou a propagar e divulgar o acontecido, de modo que Jesus não podia entrar publicamente numa cidade. Conservava-se fora, nos lugares despovoados; e de toda parte vinham ter com ele” (Marcos 1,40-45).

c) Jesus Cristo não vive no Paraíso, aliás está sempre cercado de adversários. Mas vive como se estivesse no Paraíso. Antes do pecado original e de sua expulsão do Paraíso, Adão e Eva viviam diretamente da graça de Deus e tudo o que recebiam sabiam que era graça direta de Deus, que os mantinha. Assim vive Jesus: diretamente do Pai que é seu alimento, sua razão de ser e sua Vida. “Entretanto, os discípulos lhe pediam: Mestre, come. Mas ele lhes disse: Tenho um alimento para comer que vós não conheceis. Os discípulos perguntavam uns aos outros: Alguém lhe teria trazido de comer? Disse-lhes Jesus: Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e cumprir a sua obra” (João 4,31-34). “Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta. Respondeu Jesus: Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai... Não credes que estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que vos digo não as digo de mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é que realiza as suas próprias obras” (João 14,8-10). “De manhã, tendo-se levantado muito antes do amanhecer, ele saiu e foi para um lugar deserto, e ali se pôs em oração. Simão e os seus companheiros saíram a procurá-lo. Encontraram-no e disseram-lhe: Todos te procuram. E ele respondeu-lhes: Vamos às aldeias vizinhas, para que eu pregue também lá, pois, para isso é que vim (esta é a vontade de meu Pai)” (Marcos 1,35-38). Como vemos Jesus não se dobra a nenhuma carência, não liga para fama e prestígio.

Após o pecado original e a expulsão do Paraíso da graça de Deus, Adão e Eva começam a viver do fruto do seu trabalho e de sua inteligência. A condenação da serpente é obviamente dirigida à pessoa humana após o pecado: “13. O Senhor Deus disse à mulher: Porque fizeste isso?” “A serpente enganou-me,– respondeu ela – e eu comi. Então o Senhor Deus disse à serpente: “Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os animais e feras dos campos; andarás de rastos sobre o teu ventre e comerás o pó todos os dias de tua vida” (Genesis 3,13-14). É obvio que a serpente não tinha patas antes do pecado original. E também: “E disse em seguida ao homem: “Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do fruto da árvore que eu te havia proibido comer, maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida. Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar” (Geneis 3,17-19). Estas passagens mostram o fracasso da pessoa humana que pretende dar vida a si mesma pelo seu trabalho. Por mais que trabalhe e tenha prestígio, fama e sucesso a vitória sobre a morte só pode vir por graça de Deus, o Criador, que dá à pessoa humana uma vida mortal e uma vida imortal. Isso é expresso na literatura sapiencial de Israel: “Palavras do Eclesiastes, filho de Davi, rei de Jerusalém. Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade. Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol? Uma geração passa, outra vem; mas a terra sempre subsiste. O sol se levanta, o sol se põe; apressa-se a voltar a seu lugar; em seguida, se levanta de novo. O vento vai em direção ao sul, vai em direção ao norte, volteia e gira nos mesmos circuitos. Todos os rios se dirigem para o mar, e o mar não transborda. Em direção ao mar, para onde correm os rios, eles continuam a correr. Todas as coisas se afadigam, mais do que se pode dizer. A vista não se farta de ver, o ouvido nunca se sacia de ouvir. O que foi é o que será: o que acontece é o que há de acontecer. Não há nada de novo debaixo do sol” (Eclesiastes 1,1-9) .

A grande parábola do fracasso dos esforços humanos é o relato da Torre de Babel: “Toda a terra tinha uma só língua, e servia-se das mesmas palavras. Alguns homens, partindo para o oriente, encontraram na terra de Senaar uma planície onde se estabeleceram. E disseram uns aos outros: “Vamos, façamos tijolos e cozamo-los no fogo.” Serviram-se de tijolos em vez de pedras, e de betume em lugar de argamassa. Depois disseram: ‘Vamos, façamos para nós uma cidade e uma torre cujo cimo atinja os céus. Tornemos assim célebre o nosso nome, para que não sejamos dispersos pela face de toda a terra’. Mas o senhor desceu para ver a cidade e a torre que construíram os filhos dos homens. ‘Eis que são um só povo, disse ele, e falam uma só língua: se começam assim, nada futuramente os impedirá de executarem todos os seus empreendimentos. Vamos: desçamos para lhes confundir a linguagem, de sorte que já não se compreendam um ao outro’. Foi dali que o Senhor os dispersou daquele lugar pela face de toda a terra, e cessaram a construção da cidade. Por isso deram-lhe o nome de Babel, porque ali o Senhor confundiu a linguagem de todos os habitantes da terra, e dali os dispersou sobre a face de toda a terra” (Genesis 11,1-9). As pessoas queriam atingir os céus pelo seu orgulho e inteligência. Acontece que os projetos humanos falham quando se baseiam no orgulho e vem daí a confusão das línguas que não precisam ser idiomas diferentes, como sugere o relato. No orgulho, num mesmo idioma as pessoas se desentendem. Jesus se refere a esta passagem quando diz: “Quem de vós, querendo fazer uma construção, antes não se senta para calcular os gastos que são necessários, a fim de ver se tem com que acabá-la? Para que, depois que tiver lançado os alicerces e não puder acabá-la, todos os que o virem não comecem a zombar dele, dizendo: Este homem principiou a edificar, mas não pode terminar” (Lucas 14,28-30). Jesus Cristo denuncia que os esforços humanos não realizam as aspirações humanas sem a graça de Deus. Só Deus pode realizar os anseios mais profundos da alma humana.

Se, pois, vos disserem: Vinde, ele está no deserto, não saiais. Ou: Lá está ele em casa, não o creiais. Porque, como o relâmpago parte do oriente e ilumina até o ocidente, assim será a volta do Filho do Homem. Onde houver um cadáver, aí se ajuntarão os abutres. Logo após estes dias de tribulação, o sol escurecerá, a lua não terá claridade, cairão do céu as estrelas e as potências dos céus serão abaladas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem. Todas as tribos da terra baterão no peito e verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens do céu cercado de glória e de majestade. Ele enviará seus anjos com estridentes trombetas, e juntarão seus escolhidos dos quatro ventos, duma extremidade do céu à outra” (Mateus 24,26-31). É evidente que as estrelas não poderão cair do céu. Cada estrela sozinha é maior que a terra e não haveria espaço nem para duas estrelas. Podemos então perceber que se o sol escurecerá e a lua não terá mais claridade será por causa das poluições criadas pela inteligência do homem. Nenhuma descoberta científica serve somente para o bem, mas conforme o pecado humano tudo pode ser usado para o mal também. Hoje se usa a ciência para provocar abortos e muitos que sofrem de doenças morrem não somente das doenças, mas dos dolorosos tratamentos para algumas dessas doenças. Então quando os frutos da inteligência humana mostrarem o seu poder de morte o Senhor Jesus Cristo virá para salvar os seus eleitos, que não deverão temer. “Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação” (Lc 21,28).

Então, a Verdade básica que está em todas as Sagradas Escrituras é que somente Deus pode dar vida eterna à pessoa que Ele criou por seu amor e todo recurso humano às criaturas, suas posses, o fruto do seu trabalho, seus sucessos, nada disso é capaz de satisfazer os seus anseios mais profundos. A pessoa humana anseia por vida plena. “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio junto de Deus. Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito. Nele havia a vida, e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam” (João 1,1-5). A vida era a luz dos homens. Todo o esforço humano é para alcançar vida mais plena. Mas esta só lhe poderá ser dada por seu Criador. Nenhuma criatura tem o poder de conferir vida mais plena para a pessoa humana criada à imagem do Seu Criador. Só Deus mesmo o pode.

É também por estas razões que Jesus Cristo afirma que quem não renunciar a si mesmo e não aceitar a realidade com suas cruzes todos os dias (a Verdade é a Realidade) e não renunciar a tudo o que possui não pode ser seu discípulo.

Em seguida, Jesus disse a seus discípulos: Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á. Que servirá a um homem ganhar o mundo inteiro, se vem a prejudicar a sua vida? Ou que dará um homem em troca de sua vida?... Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai com seus anjos, e então recompensará a cada um segundo suas obras” (Mateus 16,24-27).

Tendo ele saído para se pôr a caminho, veio alguém correndo e, dobrando os joelhos diante dele, suplicou-lhe: Bom Mestre, que farei para alcançar a vida eterna? Jesus disse-lhe: Por que me chamas bom? Só Deus é bom. Conheces os mandamentos: não mates; não cometas adultério; não furtes; não digas falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe. Ele respondeu-lhe: Mestre, tudo isto tenho observado desde a minha mocidade. Jesus fixou nele o olhar, amou-o e disse-lhe: Uma só coisa te falta; vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me. Ele entristeceu-se com estas palavras e foi-se todo abatido, porque possuía muitos bens” (Marcos 10,17-22). Nesta passagem Jesus afirma que só Deus é bom, ou seja só Ele sacia os anseios do coração da pessoa humana. Só Ele é completamente bom para a pessoa humana. E diz à pessoa para se desprender de seus bens, o que ela não consegue, colocando seus bens acima da vida eterna, que foi o motivo pelo qual ele se aproximou de Jesus Cristo. “Assim, pois, qualquer um de vós que não renuncia a tudo o que possui não pode ser meu discípulo” (Lc 14,33). Essa renúncia é a mostra de que todo o coração da pessoa humana deve pertencer somente a Deus. Só Deus pode satisfazer os anseios de vida plena e eterna da pessoa humana e dar-lhe a vitória sobre a morte. Esta é a Verdade básica das Sagradas Escrituras.

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