terça-feira, 19 de maio de 2009

Respeitar a fama e a honra

Respeitar a fama e a honra do próximo

São Tomás trata deste assunto dentro do seu tratado sobre a virtude cardeal da justiça, na sua Suma Teológica. Nesse tratado da justiça, Santo Tomás propõe quatro gêneros de bens que a virtude da justiça manda respeitar no próximo:
Respeitar sua vida – aqui se trata do homicídio e de tudo o que se refere ao quinto mandamento do decálogo.
Respeitar seu corpo – aqui se trata da luxúria e de tudo que se refere ao sexto e ao nono mandamentos.
Respeitar suas propriedades – aqui se trata do direito, dos domínios, dos contratos, e restituições, correspondendo a tudo o que se refere ao sétimo e ao décimo mandamentos.
Respeitar sua fama e sua honra – Trata-se aqui da veracidade de tudo o que se comunica e de tudo o que se refere ao oitavo mandamento.

A veracidade

A verdade é a realidade das coisas. Do ponto de vista filosófico, porém, pode-se distinguir três classes da verdade:
A Verdade ontológica ou metafísica – consiste na conformidade das coisas com o pensar divino, que as criou. As coisas são em si mesmas tal como o entendimento divino as conhece desde toda eternidade.
A Verdade lógica ou formal – consiste na conformidade do entendimento humano com a coisa conhecida. Quando o entendimento humano conhece as coisas tal como são na sua realidade ontológica possui a verdade; se não incorre em erro.
A Verdade moral – consiste na conformidade da palavra com a idéia de quem fala, ou seja, a expressão sincera do que a pessoa sente em seu interior.

A filosofia idealista, da qual é máximo representante Emanuel Kant, nega que o entendimento humano possa ter certeza da conformidade de seu conhecimento das coisas com o entendimento divino. Não nega que haja uma verdade ontológica acerca das coisas, mas nega a possibilidade da verdade lógica. A verdade cognoscível pelo homem não é “da coisa”, mas do homem; ele pode saber o que a coisa é “para a pessoa”, não o que a coisa é “em si”.
A filosofia grega, platônica ou aristotélica, e a filosofia cristã, especialmente a escolástica, tomista, baseia-se nesse conhecimento lógico: as coisas podem ser conhecidas “em si mesmas”.
Quanto à virtude da veracidade apenas, interessa principalmente a verdade moral. Mas à Teologia Moral em geral não devemos dizer como às vezes, precipitadamente se diz, que sempre só interessa a verdade lógica, deixando a verdade lógica para a Teologia dogmática ou a Teoria do Conhecimento. Sendo a Teologia Moral a reflexão sobre o agir do cristão, um agir que define o seu ser, um agir que o leva à comunhão divina, que é o seu fim último, devemos perceber que uma das primeiras virtudes que aproximam todo ser humano de Deus é a busca da verdade lógica sobre Deus, a vida humana e o universo. Jo 18,37: Todo o que é da verdade escuta a minha voz. Todos devemos ser discípulos da verdade.

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